Formação Permanente
Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)
Bispo de Jales (SP)
Algumas atividades do Congresso ficaram talvez mais discretas, mas não menos importantes.
Tais foram, por exemplo, as diversas
“oficinas de trabalho”, em torno de temas específicos, refletidos em
vista de sua contribuição positiva na caminhada de renovação eclesial
suscitada pelo Concílio.
Uma das oficinas abordou a estreita
relação entre Teologia e Renovação Eclesial. O próprio assunto recolhia
de cheio a temática central do Congresso, que recordava exatamente os 50
anos de renovação eclesial suscitada pelo Vaticano II, e os 40 de
caminhada da “Teologia da Libertação”.
Mas, além da coincidência de datas, os
dois temas se entrelaçam muito mais profundamente. A ponto de se
constatar que uma verdadeira renovação eclesial precisa do suporte de
uma renovada teologia. “Para vinho novo, odres novos”, como sentenciou
Jesus.
Este é um assunto com incidências
pastorais evidentes. Cada Igreja precisa desencadear um processo de
reflexão permanente, como parte integrante de sua missão.
Esta providência não se limita a
momentos esporádicos de “encontros de reflexão”. Mas cada Diocese
precisa se tornar uma “escola de formação permanente”, pela maneira como
propõe uma caminha de Igreja consciente e participativa.
Neste sentido, o Congresso alertou que é
preciso ter bem claro que Igreja queremos, e que Teologia queremos. No
que se refere à Igreja que queremos, trata-se sem dúvida de uma Igreja
que continue a recepção criativa do Concílio, com suas grandes
intuições: Igreja Povo de Deus, sacramento do Reino, profética,
missionária, servidora, acolhedora, aberta à participação de todos, sem
discriminações, samaritana, libertadora, comunitária, ministerial, mais
democrática, em permanente processo de conversão pessoal e pastoral,
inserida na realidade, assumindo as causas da humanidade, sobretudo dos
pobres, sinal de esperança para a juventude, aberta ao ecumenismo e à
pluralidade religiosa e cultural, atenta aos sinais dos tempos e aos
impulsos do Espírito, defensora da vida.
No que se refere à Teologia que
queremos, deverá ser uma teologia que dê suporte à Igreja que o Concílio
nos propõe, ao alcance das comunidades eclesiais de base e aos pequenos
grupos, que chegue até as periferias, que atinja também os que moram em
apartamentos nas cidades, impregnada da Palavra de Deus, que ajude no
discernimento dos sinais dos tempos e ilumine as opções a serem
assumidas, que valorize os dons das pessoas e das comunidades,
partilhando saberes, que leve a um encontro pessoal e profundo com
Cristo. Uma teologia que dê força às experiências de renovação eclesial.
Mesmo destinando-se a todas as
comunidades, quem mais precisa de formação são as lideranças. O
planejamento pastoral precisa incluir momentos específicos de formação
dos leigos envolvidos nas diversas pastorais existentes nas comunidades,
abertos à atuação na realidade social.
Mas quem necessita de um processo de
formação mais consistente são os presbíteros, com o cuidado especial de
garantir a eles uma formação que os motive e capacite para assumir o seu
ministério ordenado com espírito de serviço.
Esta a proposta feita pelo Congresso!