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terça-feira, 30 de outubro de 2012

EQUIPES DE LITURGIA: FUNÇÕES E MODO DE ATUAÇÃO - I

EQUIPES DE LITURGIA: FUNÇÕES E MODO DE ATUAÇÃO - I
                                                                
                                                                    Ir. Veronice Fernandes, pddm
1. O que é uma equipe?
No nosso dia a dia, de uma forma ou de outra, estamos sempre envolvidos em equipes.
Mas o que é mesmo uma equipe? Podemos dizer que uma equipe é um conjunto de pessoas que se dedicam à realização de um mesmo trabalho.
São pessoas que lutam juntas por um objetivo, de modo que possam alcançá-lo com maior rapidez.
No ambiente de trabalho, a equipe é um grupo de pessoas com habilidades complementares que trabalham em conjunto para alcançar um propósito comum pelo qual são coletivamente responsáveis.
Uma equipe de trabalho poderá atingir alto nível de desempenho em termos de produtividade e qualidade, desde que seus membros sintam satisfação com suas tarefas e sua comunicação seja adequadamente eficaz.
É preciso ter objetivos e metas comuns para alcançar os resultados esperados.

2. Equipe de liturgia: exigência da renovação litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II
O papa João XXIII solenemente deu início ao Concílio Vaticano 11, atendendo à voz do Espírito que impelia à abertura de portas e janelas para a entrada de novos ventos na Igreja. Esse grande acontecimento do Espírito do Senhor, seguido pelas Conferências de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007), marcou a vida e a missão da Igreja.
O concílio propôs uma volta às origens, redefinindo a liturgia como cume e fonte e como lugar privilegiado da experiência de salvação realizada pelo mistério pascal de Cristo Senhor, centro e mediador da história salvífica. Uma liturgia celebrada de forma ativa, plena, consciente e frutuosa por todo o povo de Deus, povo sacerdotal (sacerdócio comum e ordenado) que possui costumes, língua e riquezas culturais muito próprias (d. SC 5-8; 10.14).
O Concílio Vaticano 11 mudou também o conceito e o jeito de ser da Igreja. Lembrou à Igreja que ela é povo de Deus. A Igreja é o povo de Deus, corpo de Cristo, do qual ele é a cabeça.
A Igreja é então constituída por um povo de batizados. O concílio valorizou ainda o sacerdócio comum dos fiéis, ressaltando que todo o povo de batizados participa do sacerdócio de Cristo. Também destacou a diversificação dos ministérios litúrgicos como expressão da Igreja comunhão, Igreja corpo de Cristo, em que cada membro tem a sua tarefa específica em função do bem comum da comunidade.
As mudanças provocadas pelo Vaticano 11 nos princípios teológicos das mais diversas áreas da vida eclesial (teologia litúrgica, eclesiologia etc.) tiveram repercussão na prática da Igreja.
Por exemplo, sendo a Igreja todo o povo de Deus, nas celebrações todos devem participar. O concílio pede: "Nas celebrações litúrgicas, cada qual faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete" (SC 28). Ninguém deve acumular funções na 'liturgia (SC 28-29). Cada membro é sujeito e tem a sua função específica em favor do bem comum da comunidade.

3. Equipe de liturgia: o que e para quê?
Primeiramente, vale dizer que, para o bom funcionamento de um trabalho, é preciso haver organização. A liturgia não foge à regra, pois necessita de uma. equipe de liturgia dedicada, atenta e disposta a servir...
Em segundo lugar, sendo a liturgia uma ação comunitária, pressupõe uma assembléia reunida com uma diversidade de ministérios exercidos por pessoas com dons e carismas distintos e complementares. Por sua natureza comunitária, a liturgia necessita do serviço de equipes que, em nome da comunidade eclesial, planejem sua vida litúrgica, preparem e avaliem as celebrações e qualifiquem os ministros e servidores para eficiente e eficaz desempenho de suas funções.
Supõe trabalho comunitário e participativo na comunidade. A equipe não é "tarefeira", mas de reflexão, estudo e ação. A marca registrada da equipe é o serviço dedicado, abnegado, inteligente e gratuito. Uma ação concreta em favor do bem comum, numa verdadeira mística de serviço.
A equipe de liturgia é, então, o coração e o cérebro da pastoral litúrgica da vida da Igreja (regional, diocesana, paroquial e comunitária.
Entendemos "pastoral" como atividade do pastor, que leva seu rebanho a verdes pastagens, a águas frescas, que defende as ovelhas contra os perigos, contra lobos e ladrões, assim como fez Jesus, o "Bom Pastor". Ter esse espírito "pastoral", ou seja, de "pastor" que dá a vida por suas ovelhas, é próprio de todos os seguidores e seguidoras de Jesus Cristo, principalmente de quem está servindo em uma pastoral.
As equipes de liturgia são, em primeira mão, as responsáveis pela pastoral litúrgica. Essa ação eclesial tem por objetivo imediato a participação ativa, consciente e frutuosa dos fiéis na celebração e por finalidade, a edificação do corpo de Cristo mediante a santificação das pessoas e o culto a Deus. Na edificação do corpo de Cristo, a pastoral litúrgica colabora com a edificação de toda a humanidade e da criação inteira, conforme afirma Medellín: "A celebração litúrgica coroa e comporta um compromisso com a realidade humana... e com a promoção" (9,4). Isso significa que também os membros da pastoral litúrgica devem visar à transformação do mundo em Reino de Deus.!
A pastoral litúrgica no Brasil é organizada em três setores: o setor da celebração propriamente
dito (mais conhecido como pastoral litúrgica), o setor de canto e música litúrgica, o setor do espaço litúrgico e da arte sacra.
A pastoral litúrgica implica ainda cuidados com a preparação, a realização e a avaliação das celebrações, com a formação do povo e dos ministros e também com a organização da vida litúrgica nos vários níveis eclesiais. Como escreve Pe. Gregório Lutz: "Esta divisão corresponde, portanto, a um tríplice objetivo da pastoral litúrgica, que é promover celebrações autênticas, a formação litúrgica, a organização da vida litúrgica". Esses três objetivos, como afirma Pe. Gregório, encontramos na organização da Constituição Sacrosanctum Concilium do Vaticano lI: dos números 5 a 13 o documento trata da celebração litúrgica, dos números 14 a 29 da formação de seus agentes e dos números 41 a 46 da organização da pastoral litúrgica.2 Podemos então concluir que uma equipe de liturgia (regional, diocesana, paroquial e comunitária) deve ser constituída levando em conta os três setores (o setor da celebração propriamente dito, mais conhecido como pastoral litúrgica, o setor de canto e música litúrgica, o setor do espaço litúrgico e da arte sacra). Essas equipes cuidam da vida litúrgica, animando-a e articulando-a, com atenção às celebrações, à formação e à organização.

4. Equipes de liturgia em diferentes níveis
4.1. Em nível nacional
Para "favorecer a ação pastoral litúrgica na Igreja" (SC 43), o concílio determina uma estrutura organizacional: uma Comissão Litúrgica Nacional assistida por especialistas em liturgia, música, arte sacra e pastoral, com a missão específica de orientar, na sua região, a ação pastoral litúrgica e promover os· estudos e as experiências necessárias sempre que se trate de adaptações a serem propostas à Sé apostólica (SC 44).
No Brasil temos a seguinte organização: existe a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, constituída por três bispos. Eles são assistidos por assessores(as) de três setores: arte sacra e espaço celebrativo, música litúrgica e pastoral litúrgica. Cada setor é ainda assessorado por uma equipe de reflexão, constituída por liturgistas, músicos, arquitetos e artistas, ou seja, por especialistas nas áreas específicas.
A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia tem por objetivo acompanhar, incentivar e promover a vida litúrgica, sua renovação e sua inculturação por meio da articulação com os regionais, visando à formação litúrgica em todos os níveis e ao sólido aprofundamento teológico das celebrações, para que elas contribuam para a maturidade das pessoas e das comunidades em Cristo, tendo em vista a construção do Reino de Deus.

4.2. Em nível regional
Há também um bispo responsável em cada regional que conta com a colaboração de um(a) coordenador(a}, cujas atribuições são desenvolvidas com a ajuda de uma equipe que organiza e anima a vida litúrgica do regional, no que diz respeito à pastoral, à arte sacra e espaço litúrgico e à música litúrgica.

4.3. Em nível diocesano
O Concílio Vaticano 11 pede: "(..,) haja, em cada diocese, a comissão de liturgia sacra, para promover a ação litúrgica, sob a orientação do bispo. Poderá, às vezes, ser oportuno que várias dioceses formem uma só comissão para promover em conjunto a ação litúrgica" (SC 45).
E ainda: "Além da comissão de liturgia sacra, instituam-se em cada diocese, se possível, também comissões de música sacra e de arte sacra. É necessário que essas comissões trabalhem em conjunto, e não raramente será oportuno que se unam numa só comissão" (SC 46).
Em 26 de setembro de 1964, a 1" Instrução Geral Inter Oecumenici sobre a aplicação da constituição conciliar detalhava as tarefas para as Comissões de Liturgia Nacional e Diocesana, orientações que conservam ainda todo o seu valor. Em resumo, são as seguintes: 1) conhecer o estado da ação pastoral litúrgica na diocese (ver); 2} pôr em prática a reforma litúrgica (animar); 3) sugerir aos presbíteros iniciativas práticas para fomentar a liturgia (assessorar);
4} fazer um planejamento progressivo de ação pastoral litúrgica e recorrer à assessoria de pessoas competentes (planejar); 5} fazer a pastoral litúrgica caminhar em colaboração com os que trabalham no campo da Bíblia, da catequese, da pastoral, da música e da arte sacra, bem como com todas as associações de leigos (pastoral de conjunto).

4.4. Em nível paroquial
A equipe de liturgia, imbuída da mística de serviço e comprometida com a paróquia, exerce um serviço bem mais concreto e prático: organiza toda a vida litúrgica nas comunidades (celebração aos domingos - eucarística ou da Palavra -; celebrações dos sacramentos, sacramentais e outras); garante um processo que atua no conjunto da pastoral da paróquia e na formação litúrgica de todos; acompanha os animadores das celebrações; prepara subsídios de apoio; garante que a equipe esteja a serviço das comunidades; delega representante para a formação diocesana; prepara as celebrações em âmbito paroquial; providencia para que a liturgia seja dignamente celebrada; imprime a espiritualidade litúrgica nas comunidades, nos movimentos, no presbitério, enfim, em toda a pastoral diocesana.

4.5. Em nível comunitário
Com uma atuação bem localizada, a equipe de liturgia da comunidade: promove e cria celebrações inculturadas; acompanha as equipes de celebração e toda a vida litúrgica da comunidade; atua em sintonia com a equipe paroquial; providencia para que a liturgia seja dignamente celebrada.

5. As equipes de celebração
Estas são encarregadas diretamente das celebrações da palavra de Deus, da eucaristia (missas), do batismo, do matrimônio, das exéquias e das bênçãos nas paróquias e comunidades.
Dessas equipes, especialmente, fazem parte os leitores, os ministros da sagrada comunhão eucarística, os recepcionistas, os salmistas, os cantores e instrumentistas, os animadores, o comentarista e os ministros que presidem etc.

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