
Ir.
Veronice Fernandes, pddm
1.
O que é uma equipe?
No nosso dia a dia, de
uma forma ou de outra, estamos sempre envolvidos em equipes.
Mas o que é mesmo uma
equipe? Podemos dizer que uma equipe é um conjunto de pessoas que se dedicam à
realização de um mesmo trabalho.
São pessoas que lutam
juntas por um objetivo, de modo que possam alcançá-lo com maior rapidez.
No ambiente de
trabalho, a equipe é um grupo de pessoas com habilidades complementares que
trabalham em conjunto para alcançar um propósito comum pelo qual são
coletivamente responsáveis.
Uma equipe de trabalho
poderá atingir alto nível de desempenho em termos de produtividade e qualidade,
desde que seus membros sintam satisfação com suas tarefas e sua comunicação
seja adequadamente eficaz.
É preciso ter objetivos
e metas comuns para alcançar os resultados esperados.
2.
Equipe de liturgia: exigência da renovação litúrgica proposta pelo Concílio
Vaticano II
O papa João XXIII
solenemente deu início ao Concílio Vaticano 11, atendendo à voz do Espírito que
impelia à abertura de portas e janelas para a entrada de novos ventos na
Igreja. Esse grande acontecimento do Espírito do Senhor, seguido pelas
Conferências de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e
Aparecida (2007), marcou a vida e a missão da Igreja.
O concílio propôs uma
volta às origens, redefinindo a liturgia como cume e fonte e como lugar
privilegiado da experiência de salvação realizada pelo mistério pascal de
Cristo Senhor, centro e mediador da história salvífica. Uma liturgia celebrada
de forma ativa, plena, consciente e frutuosa por todo o povo de Deus, povo
sacerdotal (sacerdócio comum e ordenado) que possui costumes, língua e riquezas
culturais muito próprias (d. SC 5-8; 10.14).
O Concílio Vaticano 11
mudou também o conceito e o jeito de ser da Igreja. Lembrou à Igreja que ela é
povo de Deus. A Igreja é o povo de Deus, corpo de Cristo, do qual ele é a
cabeça.
A Igreja é então
constituída por um povo de batizados. O concílio valorizou ainda o sacerdócio
comum dos fiéis, ressaltando que todo o povo de batizados participa do
sacerdócio de Cristo. Também destacou a diversificação dos ministérios
litúrgicos como expressão da Igreja comunhão, Igreja corpo de Cristo, em que
cada membro tem a sua tarefa específica em função do bem comum da comunidade.
As mudanças provocadas
pelo Vaticano 11 nos princípios teológicos das mais diversas áreas da vida
eclesial (teologia litúrgica, eclesiologia etc.) tiveram repercussão na prática
da Igreja.
Por exemplo, sendo a
Igreja todo o povo de Deus, nas celebrações todos devem participar. O concílio
pede: "Nas celebrações litúrgicas, cada qual faça tudo e só aquilo que
pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete" (SC 28).
Ninguém deve acumular funções na 'liturgia (SC 28-29). Cada membro é sujeito e
tem a sua função específica em favor do bem comum da comunidade.
3.
Equipe de liturgia: o que e para quê?
Primeiramente, vale
dizer que, para o bom funcionamento de um trabalho, é preciso haver
organização. A liturgia não foge à regra, pois necessita de uma. equipe de
liturgia dedicada, atenta e disposta a servir...
Em segundo lugar, sendo
a liturgia uma ação comunitária, pressupõe uma assembléia reunida com uma
diversidade de ministérios exercidos por pessoas com dons e carismas distintos
e complementares. Por sua natureza comunitária, a liturgia necessita do serviço
de equipes que, em nome da comunidade eclesial, planejem sua vida litúrgica,
preparem e avaliem as celebrações e qualifiquem os ministros e servidores para
eficiente e eficaz desempenho de suas funções.
Supõe trabalho
comunitário e participativo na comunidade. A equipe não é
"tarefeira", mas de reflexão, estudo e ação. A marca registrada da
equipe é o serviço dedicado, abnegado, inteligente e gratuito. Uma ação
concreta em favor do bem comum, numa verdadeira mística de serviço.
A equipe de liturgia é,
então, o coração e o cérebro da pastoral litúrgica da vida da Igreja (regional,
diocesana, paroquial e comunitária.
Entendemos
"pastoral" como atividade do pastor, que leva seu rebanho a verdes
pastagens, a águas frescas, que defende as ovelhas contra os perigos, contra
lobos e ladrões, assim como fez Jesus, o "Bom Pastor". Ter esse
espírito "pastoral", ou seja, de "pastor" que dá a vida por
suas ovelhas, é próprio de todos os seguidores e seguidoras de Jesus Cristo,
principalmente de quem está servindo em uma pastoral.
As equipes de liturgia
são, em primeira mão, as responsáveis pela pastoral litúrgica. Essa ação
eclesial tem por objetivo imediato a participação ativa, consciente e frutuosa
dos fiéis na celebração e por finalidade, a edificação do corpo de Cristo
mediante a santificação das pessoas e o culto a Deus. Na edificação do corpo de
Cristo, a pastoral litúrgica colabora com a edificação de toda a humanidade e
da criação inteira, conforme afirma Medellín: "A celebração litúrgica
coroa e comporta um compromisso com a realidade humana... e com a
promoção" (9,4). Isso significa que também os membros da pastoral
litúrgica devem visar à transformação do mundo em Reino de Deus.!
A pastoral litúrgica no
Brasil é organizada em três setores: o setor da celebração propriamente
dito (mais conhecido
como pastoral litúrgica), o setor de canto e música litúrgica, o setor do
espaço litúrgico e da arte sacra.
A pastoral litúrgica
implica ainda cuidados com a preparação, a realização e a avaliação das
celebrações, com a formação do povo e dos ministros e também com a organização
da vida litúrgica nos vários níveis eclesiais. Como escreve Pe. Gregório Lutz:
"Esta divisão corresponde, portanto, a um tríplice objetivo da pastoral
litúrgica, que é promover celebrações autênticas, a formação litúrgica, a
organização da vida litúrgica". Esses três objetivos, como afirma Pe.
Gregório, encontramos na organização da Constituição Sacrosanctum Concilium do
Vaticano lI: dos números 5 a
13 o documento trata da celebração litúrgica, dos números 14 a 29 da formação de seus
agentes e dos números 41 a
46 da organização da pastoral litúrgica.2 Podemos então concluir que uma equipe
de liturgia (regional, diocesana, paroquial e comunitária) deve ser constituída
levando em conta os três setores (o setor da celebração propriamente dito, mais
conhecido como pastoral litúrgica, o setor de canto e música litúrgica, o setor
do espaço litúrgico e da arte sacra). Essas equipes cuidam da vida litúrgica,
animando-a e articulando-a, com atenção às celebrações, à formação e à
organização.
4.
Equipes de liturgia em diferentes níveis
4.1.
Em nível nacional
Para "favorecer a
ação pastoral litúrgica na Igreja" (SC 43), o concílio determina uma
estrutura organizacional: uma Comissão Litúrgica Nacional assistida por
especialistas em liturgia, música, arte sacra e pastoral, com a missão
específica de orientar, na sua região, a ação pastoral litúrgica e promover os·
estudos e as experiências necessárias sempre que se trate de adaptações a serem
propostas à Sé apostólica (SC 44).
No Brasil temos a
seguinte organização: existe a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia,
constituída por três bispos. Eles são assistidos por assessores(as) de três
setores: arte sacra e espaço celebrativo, música litúrgica e pastoral
litúrgica. Cada setor é ainda assessorado por uma equipe de reflexão,
constituída por liturgistas, músicos, arquitetos e artistas, ou seja, por
especialistas nas áreas específicas.
A Comissão Episcopal
Pastoral para a Liturgia tem por objetivo acompanhar, incentivar e promover a
vida litúrgica, sua renovação e sua inculturação por meio da articulação com os
regionais, visando à formação litúrgica em todos os níveis e ao sólido
aprofundamento teológico das celebrações, para que elas contribuam para a maturidade
das pessoas e das comunidades em Cristo, tendo em vista a construção do Reino
de Deus.
4.2.
Em nível regional
Há também um bispo
responsável em cada regional que conta com a colaboração de um(a)
coordenador(a}, cujas atribuições são desenvolvidas com a ajuda de uma equipe
que organiza e anima a vida litúrgica do regional, no que diz respeito à
pastoral, à arte sacra e espaço litúrgico e à música litúrgica.
4.3.
Em nível diocesano
O Concílio Vaticano 11
pede: "(..,) haja, em cada diocese, a comissão de liturgia sacra, para
promover a ação litúrgica, sob a orientação do bispo. Poderá, às vezes, ser
oportuno que várias dioceses formem uma só comissão para promover em conjunto a
ação litúrgica" (SC 45).
E ainda: "Além da
comissão de liturgia sacra, instituam-se em cada diocese, se possível, também
comissões de música sacra e de arte sacra. É necessário que essas comissões
trabalhem em conjunto, e não raramente será oportuno que se unam numa só
comissão" (SC 46).
Em 26 de setembro de 1964, a 1" Instrução Geral
Inter Oecumenici sobre a aplicação da constituição conciliar detalhava as
tarefas para as Comissões de Liturgia Nacional e Diocesana, orientações que
conservam ainda todo o seu valor. Em resumo, são as seguintes: 1) conhecer o
estado da ação pastoral litúrgica na diocese (ver); 2} pôr em prática a reforma
litúrgica (animar); 3) sugerir aos presbíteros iniciativas práticas para
fomentar a liturgia (assessorar);
4} fazer um
planejamento progressivo de ação pastoral litúrgica e recorrer à assessoria de
pessoas competentes (planejar); 5} fazer a pastoral litúrgica caminhar em
colaboração com os que trabalham no campo da Bíblia, da catequese, da pastoral,
da música e da arte sacra, bem como com todas as associações de leigos
(pastoral de conjunto).
4.4.
Em nível paroquial
A equipe de liturgia,
imbuída da mística de serviço e comprometida com a paróquia, exerce um serviço
bem mais concreto e prático: organiza toda a vida litúrgica nas comunidades
(celebração aos domingos - eucarística ou da Palavra -; celebrações dos
sacramentos, sacramentais e outras); garante um processo que atua no conjunto
da pastoral da paróquia e na formação litúrgica de todos; acompanha os
animadores das celebrações; prepara subsídios de apoio; garante que a equipe
esteja a serviço das comunidades; delega representante para a formação
diocesana; prepara as celebrações em âmbito paroquial; providencia para que a
liturgia seja dignamente celebrada; imprime a espiritualidade litúrgica nas
comunidades, nos movimentos, no presbitério, enfim, em toda a pastoral
diocesana.
4.5.
Em nível comunitário
Com uma atuação bem
localizada, a equipe de liturgia da comunidade: promove e cria celebrações
inculturadas; acompanha as equipes de celebração e toda a vida litúrgica da
comunidade; atua em sintonia com a equipe paroquial; providencia para que a
liturgia seja dignamente celebrada.
5.
As equipes de celebração
Estas são encarregadas
diretamente das celebrações da palavra de Deus, da eucaristia (missas), do
batismo, do matrimônio, das exéquias e das bênçãos nas paróquias e comunidades.
Dessas equipes,
especialmente, fazem parte os leitores, os ministros da sagrada comunhão
eucarística, os recepcionistas, os salmistas, os cantores e instrumentistas, os
animadores, o comentarista e os ministros que presidem etc.
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