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sábado, 15 de setembro de 2012

O SENTIDO DE UM HINO CHAMADO "GLÓRIA"


Frei José Ariovaldo da Silva, OFM

Nos domingos e outras solenidades, bem como em dias festivos, cantamos no início da missa um antiqüíssimo e venerável hino chamado “Glória”. Seu conteúdo e verdadeiro sentido não tem sido bem compreendido entre nós. O músico e liturgista Frei Joaquim Fonseca, no seu livrinho “Cantando a missa e o ofício divino” (Paulus 2004) nos traz uma explicação que, a meu ver, é das melhores. Faço questão de transcrevê-la e divulgá-la em nosso “mutirão” de formação litúrgica. Olhem o que ele escreve:

“O ‘Glória’ é um hino que remonta aos primeiros séculos da era cristã. Na Instrução Geral do Missal Romano, lemos que o ‘Glória’ é um ‘hino antiqüíssimo e venerável, pelo qual a Igreja congregada no Espírito Santo glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro... (n. 53).

Esta definição nos deixa claro que o ‘Glória’ é um hino doxológico (de louvor/glorificação) que canta a glória e Deus e do Filho. Porém, o Filho se mantém no centro do louvor, da aclamação e da súplica. Movida pela ação do Espírito Santo, a assembléia entoa esse hino, que tem sua origem naquele canto dos anjos que ressoou pela primeira vez nos ouvidos dos pastores de Belém, na noite do nascimento de Jesus (cf. Lc 2,4).

Na sua origem, o ‘Glória’ era entoado durante o ofício da manhã. Só bem mais tarde – por volta do século IV – é que aparece prescrito na liturgia eucarística do Natal podendo ser entoado apenas pelo bispo. Esse costume se prolongou por muito tempo. Porém, no final do século XI já há notícias do uso do ‘Glória’ em todas as festas e domingos, exceto na Quaresma. Então os presbíteros já podiam entoá-lo.
 
O ‘Glória’ pode ser dividido em três partes:

a) O canto dos anjos na noite do nascimento de Cristo: ‘Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados’;

b) Os louvores a Deus Pai: ‘Senhor Deus, rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso: nós vos louvamos, nós vos bendizemos, nós vos adoramos, nós vos glorificamos, nós vos damos graças pro vossa imensa glória’;

c) Os louvores seguidos de súplicas e aclamações a Cristo: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai. Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica. Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Só vós sois o Santo, só vós o Senhor, só vós o Altíssimo Jesus Cristo’.
 
O ‘Glória’ termina com um final majestoso, incluindo o Espírito Santo. 

É importante lembrar que esta inclusão não constitui, em primeira instância, um louvor explícito à terceira pessoa da Santíssima Trindade. O Espírito Santo aparece relacionado com o Filho, pois é neste que se concentram os louvores e as súplicas. Em outras palavras: o Cristo se mantém no centro de todo o hino. Ele é o Kyrios, o Senhor que desde todos os tempos habita no seio da Trindade.

    Estas dicas certamente nos ajudarão a discernir na escolha do ‘hino de louvor’ mais adequado para as celebrações eucarísticas. Sabemos que em muitas de nossas igrejas há o costume de executar, no lugar do verdadeiro ‘Glória’ pequenas aclamações trinitárias, ou seja, simples aclamações dirigidas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Pudemos ver que o ‘Glória’ é bem mais do que isso: nele está contido o louvor, a aclamação e a súplica. E mais: a pessoa de Jesus Cristo aparece no centro desta grande doxologia” (p. 19-29).
    
Obrigado ao Frei Joaquim Fonseca por este esclarecimento que, com certeza, vai contribuir para o aperfeiçoamento e a autenticidade de nossas celebrações litúrgicas em nossas comunidades.

    Perguntas para reflexão pessoal e interação em grupos:

1) Quando (em que dias do ano litúrgico) é cantado o hino do “Glória” em nossas comunidades?
2) A quem este hino glorifica, e como era usado na antiguidade cristã?
3) Qual é a sua estrutura interna?
4) Por que o hino do “Glória” é muito mais do que aquelas simples aclamações trinitárias que se costuma executar em muitas de nossas igrejas?
5) Quem está no centro de todo o hino? Por que?
Até mais...
 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

QUATRO ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DE UM ESPAÇO LITÚRGICO



Por Frei José Ariovaldo da Silva, ofm

Deus se comunica com a gente através de sinais sensíveis. Ora, é na celebração da divina Liturgia que temos um dos lugares mais excelentes em que Deus, no Cristo e pelo Espírito Santo, comunica ao seu povo o dom de sua presença salvadora. Por isso, a Liturgia é feita de sinais sensíveis. Toda ela, em todos os seus detalhes, tem (e deve ter!) sua indispensável dimensão simbólico-sacramental. A começar pelo lugar físico em que acontece a celebração litúrgica. 

Quatro, são os elementos fundamentais que não devem faltar na organização do espaço litúrgico, pelos quais nos é dado perceber a presença amorosa de Deus na celebração da divina Liturgia.

O altar
: Mesa do Pão

O centro de nossa fé cristã é o sacrifício de Cristo, sua total entrega por nós confirmada pela Ressurreição e o dom do Espírito. Ora, esta entrega se faz hoje presente precisamente sobre o altar de nossas igrejas, toda vez que celebramos o memorial da Páscoa, na santa Missa! E mais, como explicita a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR): Ele “é também a mesa do Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar por meio da Missa; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia” (n. 296).
Assim sendo, o ponto de convergência e atenção, dentro do espaço celebrativo, tem que ser necessariamente o altar. E nada tem o direito de “roubar-lhe a cena”. Pois ele re-presenta (traz-nos presente à memória) o que é mais sagrado para nós: Cristo em sua entrega total por nós, ontem, hoje e sempre.

Ambão: Mesa da Palavra

Antes de celebrarmos o memorial do Sacrifício redentor de Cristo, Deus nos fala e nos comunica o seu amor quando são feitas as leituras, inclusive quando se canta o Salmo responsorial. Como explicitamente diz a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II: Cristo está presente “pela sua palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na igreja” (SC 7).
 

Assim sendo, “a dignidade da palavra de Deus requer na igreja um lugar condigno de onde possa ser anunciada e para onde se volte espontaneamente a atenção dos fiéis no momento da liturgia da Palavra” (IGMR, n. 309). Trata-se da mesa da Palavra, ou ambão. Espaço litúrgico de fundamental importância simbólico-sacramental, pois evoca a presença viva do Senhor falando para o seu povo. 

O espaço da assembléia
Outro elemento fundamental de um espaço litúrgico: O lugar da assembléia. Por que? É que a assembléia litúrgica não é uma simples congregação de pessoas, como qualquer outra. Uma vez constituída, mais que um mero ajuntamento de pessoas, ela é uma comunhão de cristãos e cristãs, dispostos a ouvir atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia. É o próprio corpo de Cristo, cujos membros somos cada um de nós. E isto significa que, como tal, deve tratar-se de uma assembléia altamente participativa (cf. SC 14).

Assim sendo, também o espaço da assembléia deve aparecer como um espaço do Cristo enquanto corpo feito de muitos membros. E que todos os fiéis reunidos possam senti-lo como tal, tanto pela disposição arquitetônica geral do espaço, como pela disposição dos bancos ou cadeiras, em que todos os membros da assembléia possam sentir-se realmente como corpo bem unido, na escuta atenta da Palavra e na participação digna da Liturgia eucarística.

A cadeira da presidência
Na verdade, quem preside a Liturgia é o Cristo, na pessoa do presidente da assembléia litúrgica. O sacerdote que preside a Eucaristia é o sinal sacramental da presença invisível deste Cristo. Ao presidir a celebração, ao elevar a oração a Deus em nome de todos, ao explicar a palavra de Deus à comunidade, o sacerdote atua em nome deste Cristo. Por isso ele preside, ou seja, ele se senta diante de toda a assembléia, como representante do verdadeiro Presidente e Mestre, que é o Senhor Jesus.
 
Assim sendo, para visualizar o mistério da presidência de Cristo na pessoa do ministro (cf. SC 14), a Igreja recomenda que se coloque em destaque a cadeira de quem preside. Como vemos na IGMR: “A cadeira do sacerdote celebrante deve manifestar a sua função de presidir a assembléia e dirigir a oração” (n. 310). Em outras palavras, como já dissemos, a cadeira presidencial em destaque evoca a presença invisível do Cristo que preside a Liturgia na pessoa do ministro.

    Perguntas pare reflexão pessoal e interação em grupos:

  1. Quais são os elementos fundamentais de um espaço litúrgico? Na igreja de sua comunidade, estão todos eles presentes? E como estão dispostos?
  2. Por que eles são fundamentais na celebração litúrgica?
  3. Dá para sentir neles e por eles a presença atuante do Cristo na celebração?
  4. Algum destes elementos precisa ser melhor trabalhado? Por que?

Até mais....

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O ESPAÇO DA CELEBRAÇÃO



Pe. Marcelo Rezende Guimarães

Jesus disse a Pedro e João: “Ao entrarem na cidade  
encontrarão um homem carregando uma bilha de agua; 
sigam-no até a casa em que ele entrar, edigam ao dono da
casa: o Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comereia Páscoa com os meus discípulos? 
Ele mostrará no andar ali superior uma grande sala mobiliada, efaçam os preparativos".
Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e
prepararam a Páscoa" (Lc 22, 9-13).

         Com o mesmo carinho que os discípulos prepararam o lugar da ceia, nós preparamos e organizamos o espaço da celebração, como quem acolhe a graça e a energia de nosso Deus que se comunica conosco no aqui e no agora de nossa história.

Os primeiros cristãos, com o cuidado de não reproduzir as religiões existentes, afirmavam que não precisavam de templos – porque, diziam eles, como colocar em um só lugar Aquele que domina o céu e a terra? -, cediam suas casas ou reservavam uma casa para a liturgia comunitária.

De fato, o espaço da celebração não é a casa de Deus. A casa de Deus é cada um de nós e somos nós como Igreja. A verdadeira casa de Deus é a comunidade de fiéis que formam o corpo de Cristo. O espaço da celebração é a casa da casa de Deus, o lugar que abriga a assembléia dos cristãos e cristãs, convocados pelo Pai, em Cristo, na força do Espírito.

    O espaço: sacramento de nossa aliança com Deus

Se olharmos para a realidade profunda de cada um de nós e da humanidade como um todo, percebemos a importância do espaço na constituição de nosso ser. Não apenas ocupamos lugar no espaço, mas somos o espaço que ocupamos. Por isso, hoje, a luta por um canto de terra para plantar, por um lugar na cidade para morar, é, sobretudo, a luta pela dignidade de cada um na sociedade em que vivemos.

Os estudos da psicologia profunda – e a experiência de cada um certamente confirma! – revelam esta unidade entre aquilo que a gente é e o espaço que nós vivemos. O espaço revela nosso ser. O “diga-me como moras e eu te direi quem és” tem um certo fundo de verdade.

Da mesma forma, o espaço litúrgico apresenta-se como sacramento, através do qual fazemos a experiência da aliança com Deus, nos constituímos como Igreja de Cristo e recebemos o seu Espírito. Recomenda-se  que as igrejas e  todos os espaços sejam consagrados ou abençoados.

Critérios para organizar o espaço da celebração

Para organizar o espaço de nossas celebrações, é bom lembrar, em primeiro lugar, que o espaço da celebração é o espaço da assembléia, o lugar reunião da comunidade. Deve facilitar a comunicação entre os irmãos e irmãs e deixá-los o mais à vontade possível.

Como sacramento, o espaço deve ser digno e belo, sinal da beleza de Deus. O que não significa, de maneira nenhuma, luxo ou requinte, mas apenas bom gosto! A importância espiritual da beleza não quer dizer que no espaço da celebração vamos permitir enfeites desnecessários. É importante lembrar que o os objetos devam ser úteis, isto é, servir a alguma finalidade na dinâmica da celebração, e serem, ao mesmo tempo, verdadeiros.

Devemos cuidar para que o espaço seja despojado e simples, levando-nos ao essencial. Assim como há poluição nas cidades e nos lugares da natureza, podemos ter poluição no espaço da celebração. Tantas coisas, tantos objetos, folhagens, cartazes, que perdemos o sentido do que realmente é importante. Uma regra prática que pode nos ajudar é a de evitar duplicações: por exemplo, se temos uma cruz grande não precisamos ter outra sobre o altar...

(A íntegra do artigo foi publicada no Jornal Integração da Diocese de S. Cruz do Sul, julho de 1999, p. 11)

Perguntas para reflexão pessoal e interação em grupos:

1. O que se entende por espaço litúrgico ou espaço da celebração?
2. Qual é a verdadeira casa de Deus?
3. O que deve ter um espaço litúrgico para favorecer a comunicação e a participação da assembléia?
4. Quem deve cuidar da preparação do espaço da celebração?
5. De que jeito a organização do espaço litúrgico será um sinal da beleza de Deus?.


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DOMINGO, PÁSCOA SEMANAL DOS CRISTÃOS


Frei José Ariovaldo da Silva, OFM

O “primeiro dia da semana” tornou-se dia do Senhor (domingo). Portanto, agora é do Senhor este dia! E quando dizemos do Senhor, falamos do Cristo ressuscitado, vivo. Isto significa: Este é o dia especial, "primordial", no dizer do concílio Vaticano II cf. SC 106, em que as comunidades cristãs, reunidas em assembleia, fazem esta experiência: O Senhor Jesus Cristo está vivo em nós e nós temos vida em sua vitória sobre a morte. Este é o dia semanal da Páscoa, ou seja, dia em que a Páscoa do Senhor e nossa é experimentada como bem viva, presente, aqui e agora. Como diz São Jerônimo (+ 419), cheio de entusiasmo: "O domingo é o dia da ressurreição, o dia dos cristãos; é o nosso dia".

Por isso que em algumas línguas esse dia até recebeu o nome, não de “domingo”, mas de “dia da ressurreição”. Por exemplo, entre os gregos bizantinos, o domingo é chamado de “anastasimós”. Na língua russa, por influência da cultura religiosa bizantina, é chamado de “vosskresenije”. São nomes que significam a mesma coisa: “ressurreição”, “dia da ressurreição”. O domingo é o dia semanal da Páscoa.

Quando os discípulos e discípulas de Jesus, no primeiro dia da semana, perceberam que Jesus está vivo, encheram-se de intenso júbilo: Não estava tudo perdido, não! Muito pelo contrário: Agora é que começa o tempo bom, o tempo novo, o dia novo e eterno. Estamos salvos, para sempre. O futuro é garantido e certo. Na Páscoa de Cristo passamos da situação de frustração e de morte para uma situação de vitória certa e de vida. Esta é a grande riqueza deste dia, dia do Senhor, dia dos cristãos, dia das comunidades cristãs, dia de toda a criação renovada.

Verdadeiro "sacramento da Páscoa", este dia nos faz reviver, toda semana, a mesma experiência dos primeiros discípulos e discípulas: O Senhor está vivo nas lutas e vitórias da gente, e as lutas e vitórias da gente ganharam sentido na luta e vitória definitiva de Cristo. Neste dia, como aos apóstolos reunidos no cenáculo, ele aparece a nós reunidos em assembleia litúrgica e nos diz: "A paz esteja com vocês" (cf. Lc 24,36; Jo 20,19). Em outras palavras: Fiquem tranquilos, não fiquem tristes, não se desesperem. Estou vivo, sou eu! Sintam-se comigo também vencedores...

Como celebramos este "sacramento" semanal da Páscoa, que chamamos domingo? Pela Eucaristia, pois nela celebramos precisamente a memória daquilo é a essência mesma do dia do Senhor: Páscoa!... “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, e proclamamos a vossa ressurreição...”, dizemos nós na oração eucarística.

O domingo é também o dia da escuta da Palavra. Pois foi nesse dia que o Senhor ressuscitado abriu o sentido das Escrituras aos dois discípulos de Emaús cf. Lc 24,25-27. É neste dia que Jesus continua a nos falar mediante a Palavra proclamada nas assembleias dominicais.

Neste dia os cristãos celebram a sua páscoa semanal, também pelo repouso. Pois, pelo repouso dominical, que renova nossas energias, celebramos (evocamos, simbolizamos) o repouso total que a Páscoa de Cristo nos garantiu a partir deste dia.

Celebramos este dia como um dia de festa, por ser o dia mais bonito da semana: Páscoa semanal dos cristãos, dia do Sol verdadeiro, dia da eternidade, dia do Espírito Santo que reúne e anima nossas assembleias, dia do Evangelho e da evangelização, dia da solidariedade pela visita aos doentes e participação em mutirões, dia da própria natureza em festa recebendo nossa visita. O canto dos pássaros, o murmúrio das águas, o calor do sol, a sombra das árvores, a brisa afagante, a beleza das flores, a dança borboletas, tudo evoca e celebra o mistério da vida que a Páscoa de Cristo resgatou. É a natureza em festa, sob o olhar contemplativo do ser humano, celebrando o Senhor dos dias que deu novo brilho e sentido a tudo. Por isso, faz sentido neste dia entrarmos em comunhão também com a natureza criada e re-criada no primeiro de todos os dias e, ao mesmo tempo, ouvir sua voz suplicante: Deixem-me viver, não me destruam, para poder celebrar sempre, com vocês, a nossa vitória, a vitória da Vida sobre a morte, que o domingo tão bem representa!

Perguntas para a reflexão pessoal e InterAção em grupos:
 
1.    Por que será que este dia se tornou o dia semanal da grande festa dos cristãos?
2.    O que os cristãos sentiram, e sentem, quando chega este dia tão importante da semana?
3.    O que os cristãos fazem quando chega este dia? Como eles festejam este dia? Cite pelo menos três motivos fortes que levam os cristãos a celebrar o domingo!
4.    Por que será que, neste dia, a gente faz questão de levar os acontecimentos concretos da vida para a celebração da comunidade? O que tem a ver a celebração do domingo com estes acontecimentos?



O SINAL-DA-CRUZ NO INÍCIO DA LITURGIA



Frei José Ariovaldo da Silva, OFM

O sinal-da-cruz no início da Liturgia é (como tantas outras) também uma ação ritual litúrgica e, por isso mesmo, carregada de profundo sentido humano, teológico e espiritual.

Antes de tudo é preciso ver essa ação litúrgica como uma ação integrada no contexto dos ritos iniciais da celebração, que têm sua finalidade bem precisa, indicada no n. 46 da Instrução Geral sobre o Missal Romano, a saber: “fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia”.

Como se vê, finalidade dos ritos iniciais é, em outras palavras, fazer com que os fiéis, sentindo-se assembléia litúrgica, façam a experiência de estarem em comunhão de fé e amor (entre si e, juntos, com Deus: Trindade santa) e, assim, se sintam bem dispostos a ouvir “atentamente” a Palavra e celebrar “dignamente” a Eucaristia.

E o sinal-da-cruz, neste contexto? É a primeira ação litúrgica, pela qual, (digamos assim) se “abre a sessão”, ou então, se constitui “oficialmente” a assembléia. É como se a pessoa que preside dissesse assim: “Em nome da Trindade santa (Pai, e Filho e Espírito Santo) declaro (declaramos) constituída esta assembléia litúrgica”. E toda a assembléia expressa o seu assentimento, dizendo: “Amém” (assim seja, aprovado!). Assim, junto com a saudação presidencial subseqüente e a resposta do povo, se expressa (como diz a Instrução geral) “o mistério da Igreja reunida” (n. 50). No fundo, o que se quer dizer é isso: “A partir desse instante, está constituída a assembléia litúrgica: Quem nos reúne em comunhão de fé e amor para ouvir a Palavra e celebrar a Eucaristia é o Deus comunhão (Pai, e Filho e Espírito Santo), e mais ninguém. Neste Deus comunhão (por pura graça d’Ele) todos nós estamos em comunhão, formando um só corpo místico para celebrar a divina Liturgia, na qual somos ‘tocados’ pelo seu amor misericordioso em todos os âmbitos do nosso ser”.

Por isso, proclamando que quem nos reúne é a Trindade santa, nós tocamos o nosso corpo em forma de cruz. Esse “toque” tem um sentido simbólico e espiritual profundo. Por ele, no fundo, testemunhamos que, pelo mistério pascal (cruz e ressurreição) fomos (e somos!) “tocados” pelo amor da Trindade. Vejam o que o monge beneditino Anselm Grün, escritor e místico moderno, alemão, escreve sobre o sinal-da-cruz no início da Liturgia eucarística! Diz ele:

“Ao traçar sobre si mesmos o sinal-da-cruz, os participantes ‘entram-no-jogo’, se convertem em atores do ‘jogo-visão’ (teatro). Já no primeiro século, os cristãos se marcavam com a cruz. Ao fazê-lo, é como se talhassem ou gravassem em todo o seu ser o amor com que Jesus Cristo nos amou até o fim, morrendo por nós na cruz. (Ao traçar sobre nós a cruz) nós a burilamos em toda a amplitude do corpo: sobre a fronte (os pensamentos), no baixo ventre (a vitalidade, a sexualidade), sobre o ombro esquerdo (o inconsciente, o feminino, o coração), sobre o ombro direito (o consciente, o masculino, o agir). Ao fazer o sinal-da-cruz, asseguramos e antecipamos aquilo que celebramos na Eucaristia: que seremos tocados pelo amor de Cristo e que nada em nós fica excluído deste amor. Na Eucaristia, Jesus Cristo imprime o seu amor salvador e libertador em todos os âmbitos de nosso corpo e de nossa alma, para que tudo em nós espelhe sua luz e seu amor” (La Eucaristía como obra de teatro, como “teatro-visión” e “teatro-juego”. In: Cuadernos Monásticos n. 147, 2003, p. 439-440).

Portanto, fica claro que o sinal-da-cruz no início da Liturgia não tem nada a ver com “invocação” à Santíssima Trindade, como muitos pensam. Não tem sentido chamar esta ação litúrgica de “invocação” à Trindade. Pois é Ela que, por gratuita iniciativa sua já nos reúne em assembléia para, em comunhão de fé e amor, ouvirmos “atentamente” a Palavra e celebrarmos “dignamente” a Eucaristia... Simplesmente celebramos o fato de ser Ela que nos reúne para sermos “tocados” pela presença viva do Senhor, na Palavra e no Sacramento.

    Perguntas para reflexão pessoal e interação em grupos:   

1) Por que fazemos o sinal-da-cruz no início das celebrações?
2) Com que atitude espiritual devemos fazer o sinal-da-cruz?

Até mais....

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A ACOLHIDA NAS CELEBRAÇÕES


Pe. Marcelino Sivinski

Sempre mais em nossas celebrações vão acontecendo acolhidas fraternas, carinhosas e marcadas pela alegria. Pessoas na entrada da igreja ou capela acolhem bem os irmãos e os saúdam com simpatia e prazer, dando uma atenção especial às crianças, aos idosos e às pessoas com deficiência. Entregam folhas de canto, velas, flores, fitas e outros objetos que serão utilizados na celebração. Muitas vezes, é uma equipe de acolhida que em nome da comunidade assume esse serviço, inspirada na atitude da Mãe de Jesus, nas bodas de Cana, não permitindo que nada falte para que a oração transcorra num clima tranqüilo e participativo.

Não faz muito tempo, recebi uma carta muito significativa do Rubens Pereira de Paula, escrevendo o seguinte: Com o devido respeito, peço vênia, para fazer uma sugestão, que no meu modo de entender, talvez possa em longo prazo, atrair mais fiéis para a nossa Igreja. Assistimos às celebrações da Igreja católica e aceitamos as diferentes formas de ritos, nos quais já estamos acostumados, talvez, desde que como eu, do nascimento há 75 anos, que indiscutivelmente são belíssimos e de conformidade com os ensinamentos da Sagrada Escritura. Entretanto, entendo que deveria ser acrescentada, principalmente, nas celebrações das santas missas, uma colhida mais humana do celebrante, que, queiram ou não, exerce a liderança de fato na comunidade. Essa acolhida consistiria numa congratulação com os presentes, que ali foram para rogar, agradecer, orar deixando de lado as atribulações cotidianas, enfrentando o mau tempo, transporte, enfermidade e outras coisas, para ali estar junto aos irmãos.... Um agrado para muitos que pelos mais diferentes motivos estão ali presentes. Aí sim, após essa acolhida humana, iniciar a celebração, em nome do Pai... Como fazem a maioria dos sacerdotes, é muito formal, insípida e não atrairá ninguém para o nosso culto. Respeitosamente.... 
Agradeço de coração pela avaliação e pelas sugestões do senhor Rubens. Na verdade, precisamos rever a acolhida, investir em equipes e no jeito de acolher as pessoas e no modo de constituir a assembléia para a celebração.

É Deus mesmo que nos reúne e acolhe em seu amor pelos gestos, pelo olhar, pela saudação e pela acolhida dos ministros e da equipe de acolhida. Através deles Deus quer manifestar a sua ternura, o seu carinho e a sua alegria de Pai que acolhe seus filhos e suas filhas. 
Nós somos o povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Em cada rosto e olhar é Cristo que nos acolhe. Em cada abraço e aperto de mão somos recebidos pelo Senhor. As pessoas, pouco a pouco, vão chegando para a celebração e a presença e a ação do Espírito vão juntando os corações e criando laços que nos entrelaçam com Ele, com os irmãos e com o Pai. Por isso, em cada celebração dizemos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. 
O Cristo ressuscitado nos acolhe e nos comunica a sua força pascal através da acolhida dos irmãos. Nós comunicamos a vida do Ressuscitado às pessoas no gesto de acolhimento.Os ritos iniciais têm como objetivo a acolhida humana, simples e fraterna. A acolhida é o começo da celebração e deve ajudar a criar o clima de oração. Deve motivar a abertura do coração para o encontro Deus. A acolhida reúne as pessoas no carinho de Deus e cria na força do Espírito Santo a assembléia litúrgica. 
A acolhida bem feita e a celebração participada nos ajudam a vivenciar o que está escrito na carta aos Efésios: Vivendo segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça. É dele que o corpo todo recebe coesão e harmonia, mediante toda sorte de articulações e, assim, realiza o seu crescimento, construindo-se no amor, graças à atuação devida a cada membro (Ef 4,15-16).
Perguntas para reflexão pessoal e interação em grupos:

1) Como é feita a acolhida ao povo em nossas celebrações?
2) Quem nos acolhe na pessoa dos ministros e das pessoas da equipe de celebração?
3) Portanto, o que é preciso fazer para garantir uma boa acolhida nas celebrações?