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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O SENHOR ESTEJA CONVOSCO




Pe. Gregário Lutz, cssp

Na liturgia manifesta-se a Igreja, a Igreja como povo de Deus, como família do Pai do céu, como corpo de Cristo. Não podemos definir a Igreja sem nos referir a Deus, a Jesus Cristo e ao Espírito Santo. Ela é uma realidade humana e divina.

Em geral, a vida e a atividade da Igreja apare¬cem como algo humano, às vezes, humano demais. É sobretudo na liturgia, na assembléia dos fiéis reunidos, que ela se manifesta em suas duas dimensões. Aí se vê que a comunidade eclesial tem alguém que a preside, mesmo que seja mais de uma pessoa, um casal ou até um grupinho de três. Eles representam a cabeça deste corpo, que é Jesus Cristo, além de garantir a realização orgânica da assembléia.

Também quando eles falam, esta organicidade da Igreja, do corpo de Cristo, aparece. O sacerdote que preside a missa diz como representante de Cristo: "O Senhor esteja convosco". Ele lembra assim o que Jesus falou antes da sua ascensão: "Estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (Ml 28,20).

Do mesmo modo, como Jesus, antes de subir ao céu, estendeu suas mãos sobre os discípulos, abençoou-os e os enviou ao mundo, assim quem preside a missa ou outra celebração diz no fim da mesma: "Abençoe-vos Deus todo-poderoso..." e, para lembrar mais uma vez que o Senhor está conosco não apenas quando estamos reunidos na Igreja, mas também quando lutamos na vida dispersos pelo mundo afora: "Ide em paz e o Senhor vos acompanhe! ".

Não é preciso mencionar que não há problema nenhum em dizer "O Senhor esteja com vocês", em lugar de "convosco". Problemático parece se disséssemos "O Senhor esteja conosco". Pois as¬sim Jesus, nosso irmão maior, não apareceria mais como cabeça do seu corpo. E, além e antes disso, não apareceria mais que a Igreja como comunidade precisa para a sua vivência orgânica, como qualquer sociedade ou até clube, de alguém que coordene suas atividades.

Nesse sentido, seria só coerente que também um leigo que preside uma celebração dissesse: "O Senhor esteja convosco" e "Abençoe-vos...". Com isso não se negaria a conformidade especial dos ordenados com Cristo-Cabeça de sua Igreja. Por outro lado, não seria uma solução boa dizer como, às vezes, os padres e mesmo bispos o fazem: "O Senhor esteja conosco", porque assim não ficaria claro e evidente que a Igreja é um corpo com muitos membros e uma cabeça.

Aliás, aquilo que a Igreja aprendeu de Jesus e costumou fazer durante dois mil anos, penetrou tão profundamente nos costumes humanos, que isso nos permite observar uma verdadeira e profunda inculturação. Pois não somente dizemos "Bom dia" quando nos encontramos e nos cumprimentamos, mas, dirigindo-nos à outra pessoa, também dizemos "Como vai?" e, na despedida, "Passe bem!" e "Vai com Deus!". E quando o filho pede a bênção ao pai, este dirá: "Deus te abençoe!".Ninguém diria:"Como vamos? Passemos bem! Deus nos abençoe!".

Portanto, manifestando na liturgia que a Igreja tem uma cabeça, estamos realmente caminhando nas pegadas de Jesus que se encarnou e se inculturou e nos deixou a mesma missão que ele tinha recebido do Pai, de mostrar ao mundo que tudo que existe tem sua origem e seu fim em Deus e que ele nos acompanha e protege através de seu Filho e no Espírito Santo nesta peregrinação terrestre. Isso não impede que quem preside a assembléia litúrgica o faça, a exemplo de Jesus, como servidor de todos, entregando-se e doando-se para que seus irmãos e irmãs tenham a vida, e vida em abundância.

(artigo publicado na Revista de Liturgia, novembro/dezembro de 1998, n. 150, p.27)

Perguntas para reflexão pessoal e interAção em grupos:

01.    O que nos chama a atenção nesse artigo?
02.    Por que se deve dizer sempre o Senhor esteja convosco ou o Senhor esteja com vocês?
03.    Quem deve fazer a saudação quando a assembléia está reunida?
Quem nos saúda e acolhe na pessoa do ministro?

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